O Caminho da Eterna Felicidade tem como fundamento registar e transmitir, através de reflexões e de estudo os valores essenciais da vida. Abrir as janelas da consciência e verificar que só a verdade e a simplicidade tornam o homem livre e digno de SER humano. Mas só despertando encontrará as respostas que o poderão conduzir ao seu próprio encontro, sintonizando a sua própria alma...


Antonio Cottas por Ana Paula Oliveira

Antonio Cottas nasceu em Sirvuzelo, Monte Alegre, Portugal, em 19 de novembro de 1892, migrando para o Brasil em 1905, onde veio a desencarnar, na cidade do Rio de Janeiro, em 12 de junho de 1983.
Sede do Racionalismo Cristão no Rio de
Janeiro foi construída por Antonio Cottas
Chegando Antonio Cottas ao Racionalismo Cristão em 1918, aos 25 anos de idade, Luiz de Mattos, ao conhecê-lo, pressentiu que tinha diante de si aquele que deveria dar continuidade à sua Obra. Desde 1926, em razão de nomeação feita pelo grande codificador da Doutrina, Antônio Cottas assumiu a Presidência do Racionalismo Cristão, e, por 57 longos anos, correspondeu amplamente às expectativas do Mestre Luiz de Mattos, batalhando infatigavelmente para lograr, como assim realizou, a consolidação dos fundamentos da Doutrina e do suporte financeiro que assegurou a independência do Centro Redentor como entidade civil estruturada para a consecução daquele grandioso objetivo.

Mas não foi fácil o caminho percorrido por Antonio Cottas até chegar à culminância, que foi assumir a Presidência de uma Doutrina como o Racionalismo Cristão, que tem aquela grandeza majestosa das realizações humanas voltadas para as virtudes cristãs.

No Brasil desde os 12 anos de idade, os primeiros passos do jovem Antonio Cottas neste País foram difíceis, passando por severas privações, que, ao invés de abatê-lo, só serviram para caldear sua vontade de vencer na terra que elegera para viver. Nesses dias tão difíceis o espírito valente, do lutador intimorato que era, mostrou a fortaleza que possuía. Aproveitava os momentos de folga no trabalho de caixeiro, como assim gostava de referir-se à sua primeira atividade, para estudar, já que não tinha condições para frequentar uma escola, adquirindo, dessa forma, os conhecimentos necessários para o seu crescimento intelectual. Tornou-se, por esse caminho – o mesmo que trilhara Luiz de Mattos –, um autodidata por excelência, e, com isso, cresceu intelectualmente, chegando ao sucesso no campo profissional a que se dedicou.

Na Presidência do Racionalismo Cristão, alcançada por alto valor pessoal, pela dignidade, honradez e pelo declarado espírito de renúncia aos objetivos de ordem material, Antonio Cottas merecia a admiração de um número cada vez maior dos que se honravam de privar da sua amizade.

Para não fugir à regra da perseguição, fruto da inveja ou cobiça dos medíocres em relação àquele que cresce na admiração de seus concidadãos de bem, Antonio Cottas, em razão de sua atuação firme em favor dos objetivos do Racionalismo Cristão, do Centro Redentor, foi vítima de pérfidos caluniadores, que o levaram às barras do Tribunal de Segurança Nacional nos idos de 1943.

Esse lamentável episódio mereceu então ampla divulgação na imprensa, e o jornal A Noite, do Rio de Janeiro, em sua edição de 4 de dezembro de 1943, assim ao mesmo se referiu:

"Vítima de uma campanha de descrédito e ataques de uma plêiade de dissidentes, Nascimento Cottas viu seu nome enxovalhado, arrastando-se o processo instaurado rumo ao Tribunal de Segurança Nacional, enquanto uma iníqua atitude levava os descontentes a insuflarem desconfianças e a veicular contra o indigitado uma série contínua de cartas anônimas e insultuosas.

Nascimento Cottas, porém, sereno e confiante na Justiça da Terra, porque da espiritual não se julgava devedor, aguardou tranquilo o pronunciamento do Egrégio Tribunal, afastando-se da direção da casa que ficou entregue ao vice-presidente, Sr. Roberto Dias Lopes.

Roferido o veredictum final pelo Tribunal de Segurança Nacional, que concluiu por uma absolvição unânime, movimentaram-se os membros da Diretoria para, com outros amigos que tinham ficado solidários com o presidente perpétuo, levarem a cabo uma solenidade de desagravo, cuja imponência valesse também, pelo seu significado intrínseco, por sua ampla e completa reparação".

Sobre o fato, o Capitão-de-Mar-e-Guerra Oscar de Barros Cavalcanti proferiu discurso durante a solenidade promovida pelos amigos de Antonio Cottas, conforme constante em Consagração da Verdade, p. 57-58, obra editada pelo Centro Redentor (1943):

"À calúnia vil e torpe, que não escolhe vítima, não escapou o nosso Presidente.

Há duas criaturas a quem a calúnia não dá tréguas: ao homem de talento e ao homem virtuoso. Ter talento é ter inimigos. Pensar, criar, doutrinar, enaltecer é fazer um mal sem limites aos medíocres e desfibrados. A calúnia tem horror à virtude. Para os desfibrados a virtude alheia é como uma chicotada que lhes abre lanhos nas faces.

Mas, quem, como o nosso Chefe e grande Amigo, teve a felicidade de subir lutando, acostumado a desbravar, sorrindo, todos os empecilhos da existência, a afrontar perigos sem olhar a qualidade do adversário e não lhe medir a envergadura e a importância, à moda de Luiz de Mattos, sempre com a consciência tranquila, não dá atenção àquilo que da miséria humana lhe venha atirado à face".

A consagradora vitória judicial, solenizada pela manifestação de apoio, só veio a confirmar as altas qualidades morais extraordinárias e o caráter incorruptível de Antonio Cottas, o batalhador infatigável pela causa do Bem, detentor de contagiante entusiasmo e confiança no sucesso, como assim restou demonstrado no episódio de 1943, em que levou de vencida seus vis detratores.

Homem extremamente simples que era, na alma de Antonio Cottas não havia lugar para qualquer sorte de vaidade, o que não impedia que se sentisse honrado em razão das numerosas comendas com que foi agraciado, como o honorífico título de Comendador, em relação ao qual fazia questão absoluta de não ser objeto do tratamento correspondente. De uma coisa, no entanto, se envaidecia e era manifesta no orgulho, que demonstrava, da cidadania brasileira, adquirida em razão de oferecimento feito pelo Governo do Brasil, em 8 de agosto de 1939.